"... você pode colocar outro fotógrafo no mesmo set que eu, a mesma luz, o mesmo
modelo, os olhares serão diferentes."
(Brunno Rangel, fotógrafo, em entrevista para Fotoint 2016)
Todo final de ano é época de rever, pensar no que foi, olhar pra trás, num processo de desapegar do que passou, para deixar o que é novo chegar. Aqui é assim, aí também?
Fim de 2016, fim de trabalhos, fim de espaço nos HDs, era hora de organizar. Comecei a organizar e olhar para todos os trabalhos que fiz no ano; me peguei analisando o quão diferente seria o que eu estava fazendo, o quão diferente seria a minha forma de enxergar pessoas e momentos. Porque o que todo fotógrafo mais quer na caminhada é ter uma assinatura em seu trabalho; uma assinatura emocional, algo que desperte no outro que vê aquela certeza de que "ah, essa foto é do fulano", sem que nenhuma informação escrita esteja inserida ali. Como ser diferente num mundo todo conectado, no qual é possível acompanhar tantos trabalhos, de tantos fotógrafos, tantos artistas? Encontre sua própria voz, seja você... Todos os dias, um excesso de informações, uma enxurrada de imagens invade minha timeline.
Eis que ontem, abro meu instagram e me deparo com três fotos, na sequência, de três artistas diferentes: Adriana Freitas, André Lopes e Bruna Barbosa. O mesmo set, a mesma luz, a mesma modelo. Três olhares que eu trouxe até aqui para que você também possa ver.
Olhar.... Olhar é trazer pra fora o que mora dentro, é fotografar o que fala com a gente, o que aquece e toca o coração, o que chama a atenção. O que mora dentro carrega todas as alegrias, todas as conquistas, todas as buscas, todas as vivências, todos os sorrisos, todas as músicas, todos os medos, todas as tristezas, todas as frustrações, todas as saudades, todas as perdas. O que mora dentro é único, é essência. Jogar luz para dentro e com ela escrever aquilo que o mundo vê: a nossa fotografia.
Olhei, então, para o meu próprio caminho. Sim, vai tudo de mim cada vez que aperto o botão da minha câmera. Assim como tenho a certeza de que tudo deles está em cada detalhe do que vi: Adriana, André e Bruna traduzidos por si próprios em imagens. Não tem como uma não ser diferente da outra! Início de 2017 e eu escrevi para eles, agradecendo por compartilharem suas joias e por serem minha resposta. Gentilmente me emprestaram seus olhares para que eu pudesse deixar esta nota guardada aqui. Toda vez que eu achar que me perdi na enxurrada, vou voltar para respirar e me lembrar da minha própria luz. Essência....
O olhar da Dri https://www.instagram.com/dri_milreu/
O olhar do André https://www.instagram.com/alsms/
O olhar da Bruna https://www.instagram.com/brunabarbosas/
Obrigada pela lição, pela contribuição e pelo lindo trabalho, amigos.
"Isso de ser exatamente o que a gente é ainda vai nos levar além." (Paulo Leminski)